O fato de vermos a taxa Selic sendo reduzida, a cada reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), é positivo? Sem dúvida. Mas todos estes cortes ainda não são suficientes para o Brasil deixar de possuir uma das mais exorbitantes taxas de juros do planeta. Mesmo com as recentes quedas, continuamos ocupando a vergonhosa posição numero 2 no ranking de juros nominais, entre os 40 países mais importantes. Veja na tabela abaixo.
Fonte: Infinity Asset Management
Ainda assim, está caindo. Não podemos apenas reclamar. Só temos que questionar: o quanto a política atual da equipe econômica resulta, de verdade, no reaquecimento de nossa economia e, falando especificamente para os leitores de nossos textos, o quanto afetará o câmbio? Dólar vai cair ao longo do ano? Vai subir?
Aí é que está o problema. Não adianta lermos apenas os números, mas sim, precisamos saber qual a taxa REAL de juros por aqui. Ou seja: qual é nossa taxa de juros ao ano, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses? Ao pensar nisso e aprofundar o entendimento, percebemos que o Banco Central não está fazendo um corte tão agressivo assim. Na verdade, está fazendo cortes pífios. Muito tímidos.
Explicando melhor... Com a recessão, o PIB caiu vertiginosamente nos últimos 2 anos e, consequentemente, depois de algum tempo, fez a inflação recuar. E recuar bastante. Claro, todo mundo parou de consumir! Então... temos nos dias de hoje juros em um ciclo de queda, MAS inflação também. Desta forma, fica um pouco ilusória a intensidade com que os juros estão, verdadeiramente, trazendo alento para a economia e, principalmente, para investidores e empresários. Estes dois agentes são fundamentais para re-colocar o país nos trilhos e voltarmos a crescer. E eles precisam de incentivos.
A inflação tem caído tanto nos últimos meses, que é possível inclusive vermos alguns economistas dizendo que o Banco Central está fazendo uma verdadeira brincadeira de mau gosto ao baixar tão pouco a Selic. Veja esta segunda tabela. Observem que continuamos na 2a posição, mas a Argentina cai bastante. Somos praticamente líderes nos juros reais, os que realmente importam. Algo para não nos orgulhar.
Fonte: Infinity Asset Management
Estamos muito longe de um cenário realmente propício ao desenvolvimento. Um cenário onde os juros incentivam investidores a investir, empresários a contratar linhas de crédito, expandir suas empresas e, finalmente, oferecer novas vagas de emprego. Somente isto traria um crescimento sustentável a nosso PIB, trazendo de volta a credibilidade que o Brasil perdeu perante o mundo. Se um dia retomarmos o grau de investimento com as agências internacionais de rating, aí sim, teremos um in(re)gresso grande de capital em nossa economia. Somente desta forma, com muitos dólares aqui, podemos ver o câmbio voltando aos R$ 3 de maneira sólida (não especulativa).
Tenham todos um ótimo final de semana.
Att
Gustavo Candiota
Diretor GC Prime Câmbio Inteligente