Como se já não bastassem notícias ruins no Brasil e no exterior que causam reflexos no dólar, em um momento em que já se falava em "tempestade perfeita" de tantos problemas somados em uma mesma época trazendo disparada nas moedas estrangeiras. Parece que agora temos mais uma "frente fria" para piorar ainda mais a previsão do tempo: a greve dos caminhoneiros
Por que a greve dos caminhoneiros é tão grave e pode trazer impacto imediato e de longo prazo ao câmbio?
A explicação é bastante simples: credibilidade do país. Já nos encontramos numa situação grave de reputação perante investidores estrangeiros, que estão retirando investimentos daqui e preferindo aplicar nos EUA com menor risco em tresuries que estão batendo recordes de rentabilidade. Vendo o caos que está tomando conta do país nestes últimos dias e com perspectivas de piora se alguma medida drástica não for tomada, quem é de fora fica com ainda mais medo de deixar seu capital em terras brasileiras.
Estes investidores estrangeiros passam a enxergar ainda melhor o quanto a infraestrutura do país é precária, o quanto dependemos da malha rodoviária para sobreviver e o quanto o escoamento de produção sai prejudicado com uma paralisação assim. Quem vai querer confiar em nossa economia? Poucos. E quanto menos pessoas e empresas confiarem, mais dinheiro vai embora e pior fica o cenário para o câmbio.
Vejam bem, o ponto que queremos frisar neste artigo não é o reflexo imediato de uma greve no dólar, mas sim o quanto isso afeta a imagem de uma nação. Fica muito fácil perceber o poder que um setor tem sobre toda a engrenagem nacional para funcionarmos. Foi possível enxergar facilmente que os caminhões são nossa corrente sanguínea e sem eles absolutamente tudo pode parar. E mesmo que o movimento se encerre hoje ou nos próximos dias, ainda haverá por algum tempo um certo medo de acontecer tudo de novo, tornando o governo completamente refém para aceitar as exigências dos grevistas. Como confiar num país assim?
A solução definitiva é bastante difícil. As grandes reformas, tributárias e da previdência, se mostram ainda mais necessárias agora. Sem elas, nunca mais conseguiremos de volta o grau de investimento pelas agências internacionais de rating e consequentemente um cenário favorável para investimentos vindos do exterior.
Att
Gustavo Candiota
Diretor GC Prime Câmbio Inteligente
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